“Só
Gabriela parecia não sentir a caminhada, seus pés como que deslizando pela
picada muitas vezes aberta na hora a golpes de facão, na mata virgem. Como se
não existissem as pedras, os tocos, os cipós emaranhados. A poeira dos caminhos
da caatinga a cobrira tão por completo que era impossível distinguir seus
traços. Nos cabelos já não penetrava o pedaço de pente, tanto pó se acumulara.
Parecia uma demente perdida nos caminhos. Mas Clemente sabia como ela era
deveras e o sabia em cada partícula de seu ser, na ponta dos dedos e na pele do
peito. Quando os dois grupos se encontraram, no começo da viagem, a cor do
rosto de Gabriela e de suas pernas era ainda visível e os cabelos rolavam sobre
o cangote, espalhando perfume. Ainda agora, através da sujeira a
envolvê-la, ele a enxergava como a vira no primeiro dia, encostada numa árvore,
o corpo esguio, o rosto sorridente, mordendo uma goiaba.”
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